sábado, 19 de junho de 2010

BAR KRIADO, uma boa recordação...


O porão da casa tinha sido uma fabrica de urnas mortuárias, estava abandonado, sujo de lama das enchentes, enfim um local insalubre mais muito bonito que foi recuperado para as instalações da Ki Kriei. Depois das enchentes de 1984 ,aceitando sugestões e também por necessidades financeiras, resolvemos transferir o que restou da loja para a parte superior, e deu-se o inicio das atividades do Bar Kriado. Foi um aprendizado fazer funcionar um ambiente totalmente novo e que também buscava um diferencial. Na realidade a proposta não era somente um bar, mas tínhamos um restaurante atípico para uma cidade de cultura alemã, dentre outras coisas, no cardápio constava Sopa de Siri, Pirão com lingüiça, peixes e diversos acepipes. Para atrair nova clientela, oferecíamos gratuitamente aos funcionários das agências bancarias da cidade ,nossa Sopa servida até as 20,00 horas não incluindo a bebida. Foi um sucesso, e começamos diversas atividades culturais naquele espaço simples, decorado de forma rústica e que estava tendo um divulgação muito grande boca a boca. A música ao vivo iniciou de forma amadorística, vindo os amigos participarem cantando e tocando violão. Raymundo Kellermann, Horácio Brau, Peninha, Janara, Marinho (Nativo da Praia de Bombinhas) foram os pioneiros. Cada Semana tínhamos uma novidade na casa como exposições de artes plásticas, fotográficas e tantas outras. Uma que marcou foi arte gráfica de caixas de embalagens feitas pela Impressora Paranaense nossa vizinha na época, muitos artistas plásticos contribuíram com seus trabalhos; nas mesas a revista antiga Grande Hotel fazia sucesso. Os clientes foram ficando e trazendo mais gente para aquele ambiente. A casa funcionava de segunda e sexta feira, com horário previsto das 18:00 às 01:00 hora, mas foram muitas as noites além disso. O perfil dos clientes era muito diversificado, artistas, jornalistas e boêmios, que se juntavam com os profissionais liberais que ficavam para o happy our tornavam aquilo tudo espetacular e popular. O público se identificava com a música oferecida, enfim todos contribuíram para um local que sem dúvida marcou por um bom tempo a noite de Blumenau. Foi assim durante quatorze anos, até ser vendida em 1993 em pleno sucesso. Criei e administrei com muito carinho aquela casa.

Bar Kriado, o point mais badalado, elegante e inteligente nas noites blumenauenses nas décadas de 80 e 90. Descompromissado com as frivolidades, o ambiente era simples, muitas vezes improvisado para acomodar uma obra de arte de artistas locais, como Guido Heuer, César Otacílio, Tadeu Bittencourt, Roi Kellermann, entre tantos outros, ou um varal de poesias de Lindorf Bell e as charges apimentadas de Cao Hering. Sem falar na música. Ah a música!!!


FOI NO ANO DE 1979 QUE TUDO COMEÇOU

Localizado em uma casa típica enxaimel numa das principais ruas na época do centro de Blumenau, a KI KRIEI Galeria de Artes e Artesanato nascia com uma proposta diferenciada. Instalada no porão de uma casa centenária, com pilares de tijolos maciço da época, vigas falquejadas no enxó, tinha um local diferenciado para as atividades que se propunha. Blumenau nos anos 80 tinha um grande fluxo de turistas. Argentinos aproveitavam para comprar produtos brasileiros, pois o cambio assim o permitia. O clima era de festa, a cidade recebia grande numero de ônibus que congestionavam a Rua XV.


Lojas tradicionais ficaram conhecidas em todo Brasil. Blumenau era um destino turístico dos mais procurado.


AS ENCHENTES

Durante quatro anos a cidade sofreu com as cheias do Rio Itajaí Açu, nesse período sofremos mais de uma dezena de enchentes pois ficávamos localizados numa região atingida pelas águas. Em 1983 a cidade sofreu uma enchente devastadora, o nível do rio atingiu uma marca que não poupou a cidade. A Loja matriz localizada na Rua Alwin Schrader, 137, bem como a filial na Beira Rio ficaram sob as águas. Toda a cidade sofreu, mas o espírito empreendedor do povo Blumenauense sobreviveu a catástrofe. Em 1984 novamente o Rio invadiu a cidade com o nível das águas atingindo altura superior a enchente anterior.

AS PERDAS

Situação critica, estávamos falidos. Tínhamos perdido tudo. Inclusive nossos pertences pessoais. Tempos de desafios e grandes lutas pela sobrevivência.

FENIX

Estávamos bem localizados, em uma casa linda, autentica, com um porão maravilhoso, e aceitando sugestões, nascia em Outubro de 1984 o BAR KRIADO.



BAR KRIADO DA KI-KRIEI

Passados nove anos, em 1993 foi vendido e todos nós clientes, funcionários, músicos, fornecedores daquela época, fomos sem duvida responsáveis pelos anos de sucesso do Bar.




MOMENTOS VIVIDOS

Recordar fatos que aconteceram naqueles tempos e deixar registrado em nossas lembranças.-Faço um elogio ao amigo DORVA SEIBEL, que por anos foi um dos músicos que mais se apresentou . Pessoa de boa índole esse capixaba que descobriu Blumenau, ali casou , constituiu família e que soube fazer amigos fraternos. Era admirado pelo seu repertório e seu cantar. Um dia um cliente casual pediu que mudasse a música e sugeriu uma que não fazia parte do seu repertório (Sertaneja). Dorva cantou Palpite Infeliz, de Noel Rosa, demonstrando uma fina ironia e ter um gosto refinado para a música, sem dúvida o que de melhor a MPB fez. DORVA cantou.



RAIMUNDO KELLERMANN, jornalista, músico foi muito importante na fase inicial da casa. Era época do l Rock in Rio, e lembro que no repertório dele cantava James Taylor com muita competência. Trabalhou no JSC, foi baterista dos Bananeiras nos anos 60, um rebelde consciente e carinhoso. Cantava numa mesa junto com os amigos e com um pequeno microfone sintonizado em frequência FM fazia um som fantástico. Passados alguns anos fui pessoalmente visitá-lo em Timbó levando aquele pequeno objeto como lembrança da nossa amizade. Tudo muito amador mais com grande qualidade. BODE, como era conhecido foi muito querido pelos amigos. Apesar de não estar mais conosco, nos deixou boas lembranças.


LAURO LARA - foi uma pessoa que contribuiu na historia da Ki-Kriei e do Bar, trabalhou como jornalista junto com o colunista Carlos Muller, participou da vida social de Blumenau na época. Foi muito popular em seu tempo, ajudou muito na divulgação da casa deixando boas lembranças.


NIKA– tendo faltado nossa cozinheira, estávamos com dificuldade em encontrar um substituto e por indicação do Bode, veio para junto de nós nosso querido Nika. Seria curta sua temporada, mas ficou conosco um bom tempo. Pessoa calma, concentrada, correta e competente. Quando se desligou da casa para seguir sua vida, na despedida me fez passar por uma forte sensação de perda. Valeu NIKA. Na cozinha trabalharam Dona NEVES, Dona NEUSA, Sr HARRY.


TERESA - foi a que mais tempo permaneceu conosco iniciou na Ki Kriei e posteriormente ficou participando das atividades do Kriado. Hoje a consideramos da família.


VALMIR – era querido pelos clientes e competente. Tinha o apelido de Magro foram anos dedicados a servir .Teve passagens hilárias junto aos clientes. Ajudou a construir o sucesso do Bar. Quando se desligou foi uma grande perda, tinha grande paixão por aquilo tudo.

PEDRO, NILO, SERGINHO, EGON, QUINHO, MARCELO, TIÃO, OSVALDO, todos participaram da historia do Bar.


Muitas pessoas não foram citadas, mas vamos poder construir um relato com a participação dos clientes que vivenciaram aquela época, historias hão de aparecer,causos hilários e engraçados sem dúvida. Estamos pois iniciando uma estória daquela história.










3 comentários:

  1. Na mminha adolescencia li um livro cujo título era "paraiso Perdido". Ao ler o relato e os elogios do Ney nao tive outra lembrança senao essa e tecer-lhe tal comparação. Acho que para boa parte de nós o Bar Kriado representa isso, um paraíso perdido. Ou como diria o Chico Buarque: quem viu viu quem nao viu jamais vera. A globo (nao) vai passar.
    Abraços a todos sdorva@qcria.com.br

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  2. Seguinte:
    revirando o meu baú encontrei uma camiseta com a estampa do Kriado, original heheheh!!!

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  3. Grande Ney...esatava eu buscando na memória bons momentos musicais vividos e sem dúvida o Kriado esta entre eles,um grande abraço da dulpa Betinho e Mauro...violino elétrico e teclado..de curitiba.

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